GUNS N ROSES | Makila Crowley

GUNS N ROSES • 17/11/2016

GUNS N ROSES . 17/11/2016 . Pedreira Paulo Leminski . Curitiba/PR

Texto: Jonathan Rodrigues Ev
Fotos: Makila Crowley

 

O Guns N’ Roses passou por Curitiba no dia 17 de novembro, quinta-feira, com a histórica turnê “Not In This Lifetime”. Pouco mais de 20 mil pessoas lotaram as dependências da Pedreira Paulo Leminski, para conferir o grupo com parte da formação clássica, algo que até algum tempo atrás era uma situação impensável, visto, por exemplo, o que ocorreu na última passagem de Axl Rose pela capital paranaense, em março de 2014, em que uma pessoa foi expulsa do show, a pedido de Axl, por estar portando um cartaz com os dizeres “Where’s Izzy, Slash, Duff, Steve”.

            Enfim, outros tempos, e quem ganha é o público, que presenciou uma banda afiadíssima em ação, e sentiu parte de como eram os tempos áureos do grupo, claro, com alguns passos no presente. Durante a tarde, quem adentrava a Pedreira ouviu coisas bem variadas no som ambiente, que foi de Elvis Presley, The Clash, Led Zeppelin, passando por Pantera e Sepultura.

Às 18h 45m os telões laterais começam a exibir um vídeo com imagens e trechos de filmagens com momentos históricos na carreira da banda brasiliense Plebe Rude, atração responsável pela abertura do evento. Banda formada em 1981, ou seja, com mais tempo de estrada que o próprio Guns N’ Roses.

Começaram com um pequeno trecho de “Sua História”, onde o vocal de Philippe Seabra estava bem baixo, menos mal que logo seria ajustado, seguida por “Brasília”, uma das mais interessantes, onde se tem bem definida as características do grupo, uma sonoridade que transita entre o punk e pós-punk, com guitarras bem elaboradas, comandadas por Philippe, e o baixo de André X com grande destaque, e principalmente, letras bem estruturadas, e mesmo com pouco apelo comercial, em tom de crítica a diversas situações tão recorrentes no país, durante todo este período que a Plebe Rude está na ativa. Além de Philippe e André, que estão desde o começo, completam o time o baterista Marcelo Capucci, e o carismático Clemente Nascimento, tocando guitarra em algumas canções, e dividindo os vocais com Philippe, formando outro ponto ímpar na sonoridade da banda, alguns sons (como em “Brasília”) com os dois cantando letras diferentes ao mesmo tempo, e que de alguma forma funcionou muito bem ao vivo.

            Antes de continuarem, Philippe cumprimenta a plateia, e fala que este é o sexto show do Guns N’ Roses que estão abrindo, a pedido da própria banda (fora os dois de São Paulo e o do Rio de Janeiro dessa turnê, também abriram dois em 2014), e prossegue, em tom de brincadeira, dizendo que agradecem a preferência deles. As características descritas acima devem ter agradado Axl e companhia.

            Seguiram com “Anos de Luta”, no qual pedem as mãos da galera para cima, e são timidamente atendidos por alguns, e “O Que Se Faz”, esta com duas guitarras, dando maior peso, e com um sampler do que parece ser uma gaita de fole, gerando um resultado final bem interessante. Philippe apresenta Clemente, falando que ele também faz parte dos Inocentes, e diz que a Plebe Rude e Os Inocentes inauguraram a Pedreira, num festival, em 1988, por isso, estão se sentindo em casa.

            Prosseguiram com “Johnny Vai à Guerra (Outra Vez)”, apenas com vocais do Clemente, que comandou o som sem guitarra, fazendo uma performance teatral, indo várias vezes de um lado para outro do palco, até deitando no chão em certo momento, e cantando com vigor, de modo intenso. O som no geral estava bom, a essa altura as vozes estavam ajustadas, deixando tudo audível, porém, como acaba sendo o padrão de abertura de shows desse porte, bem baixo (inclusive Clemente falou que “o som está baixo, mas vamos nos divertir”), tanto que não era raro olhar para os lados e ver pessoas de costas para o palco conversando, ou então mexendo em celular, sem prestar muita atenção nos músicos.

            Ainda teriam tempo para mandarem “Este Ano”, e a divertidíssima “Minha Renda”, com ótimos trechos onde Philippe e Clemente dividem os vocais. Aliás, Clemente pareceu se divertir bastante ali, fazendo até o famoso “passinho” de Angus Young, e o braço “moinho de vento”, estilo Pete Townshend. Ainda tocando embaixo de sol, a apresentação praticamente não contou com iluminação, e os telões exibiram apenas o nome do grupo.

            Chegando ao final, os dois maiores clássicos, “Proteção”, introduzida por Philippe com o seguinte discurso: “Teve governador do Rio de Janeiro indo em cana, senador em Brasília indo em cana, empreiteiro filho duma égua indo em cana, isso é bom! A próxima música fala sobre isso, e tem trinta anos.”, ganhando muitos aplausos. Nela Philippe começa com um violão, e emendam trechos de “Pátria Amada” dos Inocentes, que possui uma letra singular, fora de série mesmo, e “Censura”. Encerrando de vez, “Até Quando Esperar”, tocada em uma versão mais longa que a de estúdio, e que causou a maior reação nos presentes, com a maioria acompanhando, e até cantando nos momentos que a Plebe pediu, e André fazendo excelentes linhas de baixo.

            Com esse final em alto nível, se retiram, agora sob muitos aplausos, após quarenta e dois minutos bem utilizados. Ótima apresentação, não foi por acaso que foram convidados para abrir quase todas as noites dessa nova turnê do Guns pelo Brasil. Quem se permitiu (e conseguiu) deixar a ansiedade de lado, e resolveu prestar atenção no som deles, não deve ter se arrependido.

            O show do Guns N’ Roses estava marcado para às 20h, eis que, para delírio do público, às 19h 50m, após uma quase overdose de Dio no som ambiente, os telões mostram uma animação com o clássico logotipo do grupo, todo em cores douradas. Exatamente às 20h, a animação muda para o nome da turnê, seguida por outra com o robô da capa do “Appetite for Destruction”, fazendo propaganda do fã-clube oficial, para voltar então a exibição do logotipo. Mais uns minutos de suspense, e às 20h 25m as armas do logotipo começam a disparar, deixando os presentes ainda mais afoitos, para finalmente, às 20h 34m, ecoar pela Pedreira a vinheta do Looney Tunes, anunciando o início do espetáculo, mantendo mais ou menos o padrão de cerca de meia hora de atraso, como ocorreu nas datas anteriores da parte brasileira da turnê.

            Mais uma intro, agora retirada do filme “The Equalizer”, de 2014, conhecido por aqui como “O Protetor”, e finalmente a trupe sobe no palco, com Duff McKagan e o baterista Frank Ferrer iniciando “It’s So Easy”, e obviamente, com grande receptividade do público, afinal, a noite estava apenas começando, e muitos dos “ingredientes” do que seria apresentado ao longo do show estavam claros ali, como Axl Rose andando de um lado para o outro, e até arriscando umas “breves corridinhas”, com direito inclusive ao dedo médio levantado no trecho em que berra “fuck off”, Slash empunhando sua tradicionalíssima Les Paul dourada, Duff com aquela postura “Sid Vicious que sabe tocar”, além de ajudar nos backing vocals, e mesmo Richard Fortus agitando muito na outra guitarra. Ao final de “It’s So Easy” uma explosão de fogos, o primeiro de alguns efeitos pirotécnicos que ocorreriam durante a exibição.

            Sem pausa, “Mr. Brownstone”, continuando a vibe de nostalgia, pois esse é um dos sentimentos em ver Slash fazendo os efeitos no pedal no começo do som, seguido por Axl levantando o braço e fazendo a “dancinha do Mr. Brownstone”. Para os fãs mais acalorados, já tinham alguns motivos para as lágrimas caírem. A propósito, nessa Dizzy Reed deixa o teclado e vai para a percussão, deixando o som bem swingado.

            Alguns efeitos são o prenúncio para a próxima, “Chinese Democracy”, destoando completamente dos sons anteriores do “Appetite for Destruction”, o que não é necessariamente algo ruim. Nessa fica visível as diversas camadas criadas pelos teclados de Dizzy Reed e da novata Melissa Reese, e possivelmente mais algum sampler em algumas passagens, contando ainda as pesadas guitarras de Fortus e Slash, que usa uma BC Rich Bich para executar essa canção. No telão do fundo do palco, animações de bonecos humanoides em tons avermelhados são exibidos, além do logotipo do grupo utilizado na época do lançamento do “Chinese Democracy”, inclusive no momento em que Slash está solando, um tanto inusitado. No final são disparadas labaredas no fundo do palco, completando os tons de vermelho, também reforçados pela iluminação.

Após os aplausos da galera, Slash solta os primeiros acordes de “Welcome to the Jungle”, para a Pedreira ir abaixo de vez, seguido por Axl “avisando” que estamos na selva, iniciando assim um dos pontos altos da noite. Legal ver Axl andando pelo palco, fazendo alguns dos movimentos pelo qual ficou conhecido, sem falar de Duff, cujo baixo teve grande destaque ali, além dos backing vocals, que dividiu com Melissa. Vale ressaltar o uso de alguns efeitos na voz de Axl, neste caso efeitos de eco, nos momentos que exigiram maior potência de voz, o que seria usado algumas vezes durante a noite.

Direto do “Use Your Illusion I”, “Double Talkin’ Jive“, uma com trecho instrumental maior no final, aliás, com mais um excelente solo de Slash, gerando uns minutos para Axl recuperar o fôlego, para então seguirem com “Better”, numa linda versão, realmente diferente da registrada no “Chinese Democracy”, contando com um improviso um pouco mais pesado no começo, mostrando bem essa influência de Industrial que o “Chinese Democracy” recebeu, seguida por aquele espírito de “passeio no parquinho” característico dessa faixa, com bons momentos de Axl. E sim, aquela sonoridade “em camadas” também se fez forte, inclusive na parte vocal, com trechos contendo vozes de Duff, Dizzy e Melissa. No telão, era exibida uma animação contendo um olho gigante, dando um toque psicodélico a performance do grupo. Durante essa música, alguém da plateia jogou um buquê de rosas perto de Axl, que assim que viu se abaixou e o pegou, ganhando ainda mais aplausos.

Mantendo o nível, “Estranged”, iniciando com o telão exibindo aquele mesmo letreiro do clipe da música. O que dizer dessa, uma performance bem semelhante a registrada na época da turnê dos “Illusions”, e ver Axl, Duff e Slash lado a lado a tocando deve ter arrancado mais lágrimas de alguns dos presentes. Em certo momento Axl apresenta: “on piano, Dizzy Reed”, sendo este o momento em que o tecladista apareceria por mais tempo nos telões.

A propósito, a enorme estrutura do palco merece menção. Dois telões enormes em cada lado, exibindo filmagens dos integrantes, e um no centro do palco, que mostrou diversas animações relacionadas ao tema das canções, e por alguns poucos momentos imagens dos integrantes também. Junte a isso uma poderosa iluminação, os já mencionados efeitos pirotécnicos, além do palco conter uma pequena abertura em direção a pista premium (onde apenas os três integrantes originais pisaram), e no fundo um “segundo andar”, com escadas levando para um elevado, essas também recebendo uma potente e trabalhada iluminação.

Seguiram com “um pouco de Paul McCartney”, em “Live and Let Die”, primeiro cover da noite, onde Axl correu pelo palco, e girou com seu “pedestal de volante”. Curiosamente não teve efeitos pirotécnicos, como sempre ocorre quando McCartney a executa em seus shows.

“Rocket Queen” era a próxima, numa execução cheia de groove, com Duff e Frank “ditando as regras”, composta por solos de Fortus e Slash, que “brincou” numa talk-box, seguido por um belo uso de slide. Ao todo, mais de dez minutos, numa vibe de jam funkeada. Complementando a letra, o telão exibiu algumas imagens de esqueletos copulando, por assim dizer.

Continuaram com “You Could Be Mine”, com Frank ganhando destaque na bateria, onde viu-se animações com referências a franquia do Exterminador do Futuro, incluindo cabeças dos exterminadores com cartola e chapéu, bem bacana. Também contou com doses generosas de labaredas, e alguns fogos, e até que Axl segurou razoavelmente legal o trecho final que utiliza bastante drive na voz. Slash tocou essa com uma BC Rich Mockingbird.

Axl se retirou, e as atenções se voltam totalmente para Duff, que assumiu os vocais para cantar o trecho inicial (até antes de chegar ao refrão) de “You Can’t Put Your Arms Around A Memory”, composição do ícone cult Johnny Thunders, seguida por “New Rose”, dos punks ingleses The Damned. Ambas foram registradas em estúdio pelo Guns N’ Roses no “The Spaghetti Incident?”, e mostraram como a voz de Duff é ideal para esse tipo de som. Interessante ressaltar que o baixo utilizado por Duff durante toda a apresentação possuía duas gravuras: um desenho de uma pin up, e o símbolo utilizado pelo Prince, obviamente em roxo, dando um panorama no tamanho do leque de influências recebidas, isso apenas por ele.

Axl retorna, para então iniciarem a baladona “This I Love”, última do “Chinese Democracy” presente no show, numa interpretação com muito feeling, principalmente na voz de Axl, que funcionou muito bem acompanhada apenas do teclado. Para “partir de vez os corações”, um solo onde Slash faz sua Les Paul chorar pra valer, algo que não existia na versão de estúdio desse som, ao menos não nessa intensidade. Complementando o clima “corta pulso”, iluminação trabalhada apenas em tons escuros.

Mudando totalmente o clima, “Used To Love Her”, obviamente numa versão elétrica, e surpreendendo um pouco, pois este foi o primeiro show da parte brasileira da turnê onde ela é executada. Ali Dizzy ficaria nos teclados, enquanto Melissa tocaria um instrumento de percussão. “Civil War” viria na sequência, sendo uma das mais aclamadas pelo público, tendo como atração a mais ver Slash tocando sua Guild Crossroads Doubleneck, a guitarra de dois braços, e no final executando umas notas “hendrixianas”. Inclusive teve o sampler do filme “Cool Hand Luke” reproduzido no início.

O que viria em seguida seria um momento dedicado aos fãs mais hardcore do grupo, a execução de “Coma”, que sem dúvida deixou muitos dos presentes “boiando” com o que estava rolando, por outro lado, fez a alegria de tantos outros, afinal, olhar para o palco e ver os três caras mandando esse som era algo muito impensável, até para os mais sonhadores, e não é que aconteceu! Sobre a execução em si, bom baixo do Duff, ótimas guitarras de Slash e Fortus, a voz do Axl pareceu dar alguns sinais de cansaço, não que tenha falhado ou algo assim, mas o timbre parecia mais contido que no começo da noite, mas nada que tenha comprometido.

Novamente Axl se retirou, com Slash comandando um número solo, na verdade nem tão solo, pois os demais estavam fazendo bases para ele solar, demonstrando então porque ele é um dos guitarristas de rock mais influentes de sua geração. Durante o solo, tanto os telões laterais quanto o central exibiam filmagens dele tocando, deixando a Pedreira com Slash para todos os lados. O solo desembocaria no tema do “O Poderoso Chefão”, que ficou muito bom ao vivo, preparando terreno para “Sweet Child O’ Mine”, que como não poderia deixar de ser, iluminou a Pedreira, tamanha a quantidade de celulares que começaram a filmar.

Em “Sweet Child O’ Mine” também ficou perceptível sinais de cansaço na voz de Axl, ao mesmo tempo em que cantou algumas notas mais altas. E não faltaram suas “dancinhas” características, que somados a ver Slash solando levantando sua Les Paul, e Duff reforçando o icônico trecho do “Where do we go now?”, deve ter deixado esse momento marcante para uma boa parcela dos presentes. Se bem que boa parte estava filmando, então de uma forma ou de outra ficará na memória.

“Out Ta Get Me” deu prosseguimento ao espetáculo, com os quatro se movimentando bastante durante toda a canção, combinando com as animações em alta velocidade exibidas no telão do centro. Talvez por não ser um som tão icônico quanto “Sweet Child O’ Mine”, aparentemente a voz de Axl estava mais clara novamente, mesmo que ele não tenha feito nenhuma pausa nesse trecho. Destaque também para as “tecladeiras”, que deixaram a música mais encorpada.

O que se seguiu foi um momento bem bonito, Slash e Fortus vão para a parte elevada do palco, ficam lado a lado, e começam “Wish You Were Here”, do Pink Floyd, com a plateia cantando o trecho inicial da letra, em seguida os demais músicos acompanhariam no instrumental. Enquanto isso, lá no “primeiro andar”, que estava sem receber nenhuma iluminação, era montado um piano para os próximos números.

Continuando, outro ponto alto da noite, com Axl ao piano, mandaram uma versão emocionante do trecho final de “Layla”, originalmente do Derek and the Dominos, um dos supergrupos de Eric Clapton, que serviu de “entrada” para “November Rain”, que foi o que se pode chamar de “momento épico”. Iluminação e imagens no telão deixando aquele clima sensacional, e belos solos do Slash na parte elevada do palco, enquanto imagens com chuva e raios eram exibidas. Para complementar, no trecho final e “agressivo”, duas “cachoeiras” de faíscas são ativadas em cada canto do palco, numa performance definitivamente impecável. Parte do público da premium interagiu com a banda, jogando balões vermelhos para o alto, gesto realizado também nos shows anteriores pelo Brasil, em “November Rain”. E não, Slash não subiu no piano.

Felizmente, merece menção o fato de que a única chuva e raios vistos foram no telão, pois apesar dos meteorologistas terem previsto pancadas de chuva, até com chances de trovoadas, o tempo permaneceu firme e seco, desde pelo menos o momento da abertura dos portões, até o final do evento.

Piano retirado, Axl fala, em inglês, que era aniversário do Richard Fortus, e pede para a galera ajudar ele a cantar parabéns, puxando um coro de “Happy Birthday”. Fortus agradece com um sorriso, deixando um grande clima de camaradagem no palco. A propósito, Axl quase não se comunicou com a plateia, nada além de um obrigado, em português mesmo, e quando apresentou os demais integrantes, e nesse pedido de felicitações. Porém, foi possível vê-lo sorrindo algumas vezes olhando em direção ao público.

A apresentação estava se encaminhando para o final, ainda haveria tempo para “Yesterdays”, onde aparentemente apenas Axl cantou, sem mais ninguém fazer backing vocals, e a aclamada “Knockin’ on Heaven’s Door”, criando um novo “mar de celulares”. Durante o cover do recém Nobel de Literatura Bob Dylan, Duff, Fortus, Dizzy e Melissa fazem backing vocals, e como de costume, a música é bem alongada, com o refrão sendo deixado diversas vezes para o público. Dessa vez Slash utilizaria outra guitarra de dois braços, a Gibson EDS-1275 Doubleneck.

A primeira parte do show seria encerrada com “Nightrain”, anunciada através do som e animação do trem nos telões. Axl surpreende e corre bastante nesse finalzinho, sua voz parece estar cansada em alguns trechos (mesmo caso de “Sweet Child O’ Mine“), o que não prejudicou a energética execução do grupo, nem dele mesmo, visto o tanto que agitou, por assim dizer. Beirando às 23h, o grupo se retira, ovacionados. Com isso, presenciamos duas horas e vinte e cinco minutos de Guns N’ Roses, o que para alguns deve ter passado voando.

Rapidamente, cerca de um minuto depois, Duff e Fortus voltaram, cada um empunhando um violão, acompanhado dos outros instrumentistas, para fazerem uma curta versão instrumental de “Angie”, dos Rolling Stones, que serviu de prelúdio para “Patience”, tendo Axl executado o assobio com precisão, e segurando muito bem o vocal em toda a canção. Fizeram uma boa versão, ainda por cima diferente das registradas em materiais oficiais anteriores.

Entrando no clima de final de festa, “The Seeker”, cover do The Who, com Axl utilizando um timbre de voz bem interessante. Essa foi a única canção tocada na íntegra que não está em nenhum álbum de estúdio da banda. Só o tempo dirá se será gravada num vindouro álbum, pois no passado o Guns tinha esse costume de tocar ao vivo alguns covers antes de registrar em estúdio, coisa que ocorreu com “Knockin’ on Heaven’s Door”, por exemplo. Se tivessem feito menção a alguma música do Neil Young, teriam referenciado todas as atrações que tocaram no festival Desert Trip.

O espetáculo acabaria em definitivo com “Paradise City”, com o público ainda tendo alguma energia para vibrar junto. Em “Paradise City” não tem segredo, é jogo mais que ganho, com tudo que tem direito, incluindo no trecho final uma grandiosa explosão de fogos, cachoeiras de faíscas e labaredas, além de chuva de papel picado. Assim encerram esta grandiosa noite, sob muitos aplausos e sorrisos. Algumas palhetas são jogadas, e Axl simplesmente jogou o microfone que utilizou durante toda a apresentação para o público. Que a pessoa que pegou tenha conseguido sair sem sofrer agressões.

A banda se retira em definitivo, ao som ambiente de “Far Away Eyes”, dos Rolling Stones. Na saída, Slash “planta uma bananeira”. Quem compareceu presenciou uma noite memorável, tanto em termos da gigantesca produção, como em qualidade de som, que durante o show do Guns estava muito bom, bem audível e na altura que deveria. Talvez nas duas primeiras músicas não estivesse tudo 100%, mas é difícil dizer, pois poderia apenas ser o barulho feito pelo público que deixou algumas coisas não tão claras.

Axl definitivamente deu conta do recado, e se for para perguntar para outras pessoas que compareceram, aposto que terão a mesma visão. Claro que teve algum uso de efeitos em pontos estratégicos, e algumas notas que exigiam mais foram substituídas por outra forma de cantar, o que em praticamente nenhum momento diminuiu a qualidade do que foi visto. E convenhamos, não é qualquer banda com esse tempo de estrada que se dispõe a fazer apresentações de aproximadamente duas horas e quarenta e cinco minutos com essa energia. Que essa reunião dure mais tempo e continue rendendo bons frutos aos envolvidos, pois muitos fãs realizaram seus nostálgicos sonhos.

 

Setlists

Plebe Rude

Sua História / Brasília

Anos de Luta

O Que Se Faz

Johnny Vai à Guerra (Outra Vez)

Este Ano

Minha Renda

Proteção / Pátria Amada / Censura

Até Quando Esperar

 

Guns N’ Roses

It’s So Easy

Mr. Brownstone

Chinese Democracy

Welcome to the Jungle

Double Talkin’ Jive

Better

Estranged

Live and Let Die

Rocket Queen

You Could Be Mine

You Can’t Put Your Arms Around A Memory / New Rose  

This I Love

Used To Love Her

Civil War

Coma

Speak Softly Love (Love Theme from “The Godfather”)

Sweet Child O’ Mine

Out Ta Get Me

Wish You Were Here

Layla / November Rain

Yesterdays

Knockin’ on Heaven’s Door   

Nightrain

Encore:

Angie / Patience

The Seeker

Paradise City

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