Fotos Cachorro Grande e Helvéticos Blumenau | Makila Crowley

CACHORRO GRANDE • 07/11/2015

HELVÉTICOS . CACHORRO GRANDE . 07/11/2015 . Ahoy! Tavern Club . Blumenau/SC

Texto: Jonathan Rodrigues Ev

Fotos: Makila Crowley

 

Os gaúchos do Cachorro Grande passaram por Blumenau no dia 7 de novembro, sábado. O evento ocorreu no Ahoy, o “bar doce lar” da cidade. Até então, a última passagem do grupo pela cidade havia ocorrido em 2013, no encerramento da primeira edição da volta do FUCCA, o Festival Universitário da Canção, Cultura e Arte, na Vila Germânica. Desta vez, estavam divulgando o mais recente, e de certa forma, ousado álbum, “Costa do Marfim”, lançado em 2014.

A casa abriu por volta das 22h, e coube a banda de Bombinhas Helvéticos fazer a abertura. O trio subiu no palco próximo da meia-noite, tocando material autoral, vindo de dois trabalhos de estúdio, com letras em português. O grupo focou o repertório da apresentação no trabalho mais recente, “Hipnose”, o executando praticamente na íntegra.

O som dos Helvéticos é aquele rock n’ roll básico com algumas pitadas pontuais de psicodelia, e solos de guitarra geralmente compostos de efeitos nas pedaleiras. Um bom exemplo disso ocorreu em “O Que Você Faz”, que contém esses ingredientes, com Cainã Moreira nos vocais e comandando a boa guitarra (canhoto, diga-se de passagem), Gabriel Menin no baixo, e o baterista Guilherme Franco fazendo também backing vocals.

 

Tocaram por cerca de uma hora, onde o som no geral estava bom, com exceção da voz de Cainã, que em alguns momentos ficou abafada, dificultando o entendimento do que era cantado. Menos mal que na maior parte do tempo esse problema não ficou perceptível.

Após executarem quase que por completo o álbum “Hipnose”, merece menção as três últimas músicas tocadas por eles, “O Beijo”, com bons toques de psicodelia, “Solução”, que teve uma quebra de ritmo interessante, e “Risadinhas no Sofá”, essa com uma vibe bem na linha do Cachorro Grande. Boa performance, para quem se interessa por esse tipo de som, vale a pena dar uma conferida nos Helvéticos.

Durante a noite, vários clássicos do rock nacional tocavam no ambiente da casa, coisas como Barão Vermelho, Ultraje a Rigor, entre muitos outros. Curiosamente, pouco antes do Cachorro Grande começar o show, rolou “Sexperienced”.



Enfim, pouco depois da 1h 30m, o Cachorro Grande sobe ao palco, iniciando com as energéticas “Você Não Sabe o Que Perdeu” e “Hey Amigo”. Nesses primeiros dez minutos já é possível ter uma noção de como será a apresentação do grupo: rock n’ roll muito bem tocado, de forma vigorosa.

Seguem com “Que Loucura!”, dando uma pequena diminuída no ritmo, numa execução muito bacana, e “Deixa Fudê”, essa com o baixista Rodolfo Krieger assumindo os vocais principais, com o vocalista Beto Bruno saindo brevemente do palco, voltando no final, fazendo os vocais de apoio, e com uma pandeireta, instrumento que ele usaria diversas vezes durante a noite, dando um toque a mais na performance.

 

Aliás, a performance de Beto Bruno como um todo se destaca. Ele saiu algumas vezes do palco (ou ficou no canto), em momentos que os demais integrantes comandavam passagens instrumentais. Beto passou o show bebendo uma garrafa de vinho, e em alguns instantes, pareceu estar “meio alto”, claro, nada que tenha prejudicado a apresentação.

Continuando, Beto fala que recentemente lançaram um álbum chamado “Costa do Marfim”, e que agora iriam tocar algumas músicas desse trabalho. Pessoalmente, o grande momento do show, em que as faixas ganharam maior “poder de fogo”, por assim dizer, se comparadas com as versões de estúdio.

“Nuvens de Fumaça” inicia a brincadeira, contendo uma levada excelente na bateria de Gabriel Azambuja. “Como Era Bom” é a próxima, com um grande clima de melancolia, reforçado pelo teclado de Pedro Pelotas, que nesse som emulou um instrumento de sopro. A pesada e soturna “Use o Assento para Flutuar” veio em seguida, tendo essas características reforçadas ao vivo, numa ótima performance. Encerrando muito bem a viagem pela Costa do Marfim, “O Que Vai Ser”, com boas camadas sonoras compostas pela guitarra e teclado.

 

A propósito, a qualidade do som estava boa, com todos os instrumentos bem audíveis, o que fez a diferença para tornar o show ainda mais interessante e imersivo. Após esse momento de composições recentes, o grupo apresentaria praticamente apenas os clássicos da carreira, vindo com a “totalmente rock n’ roll” “Lunático”, que como de costume, Beto altera o refrão algumas vezes, cantando “Lunático, que se foda”, e levantando o dedo médio.

Em seguida, viria o que pessoalmente foi outro momento memorável, daqueles de fazer valer o ingresso, a balada “Bom Brasileiro”, onde Beto brincou e também alterou um trecho da letra para “Conhecia Blumenau inteira”. Posteriormente, em uma parte que cantou “Não pensava só em dinheiro”, falou em seguida, algo mais ou menos assim: “Mentira, pensava só nisso, ele era um baita filho da puta”, gerando risos. Uma excelente execução, com direito a backing vocals do guitarrista Marcelo Gross, do Rodolfo e Pedro, e no final, um trecho de “Miss You”, dos Rolling Stones, deixando um divertidíssimo clima no Ahoy.


Prosseguem com “Roda-Gigante” e “Lili”, essa numa roupagem bem interessante, com destaque para o teclado de Pedro. Beto deixa o palco, e Marcelo comanda os vocais em “Dia Perfeito”, numa performance cheia de carisma, outro ponto alto na noite, e muito bem recebida pela galera. Sobre o público, compareceu em bom número, no auge do evento chegando a quase lotar as dependências do Ahoy, que tem capacidade para pouco mais de 600 pessoas.

Continuam com a fugaz “Velha Amiga”, seguida de “Vai T. Q. Dá”, que contou com uma longa passagem instrumental, onde o grupo aproveitou para “descer a lenha” (principalmente Marcelo), no melhor estilo das bandas de rock clássico. No trecho final de “Vai T. Q. Dá”, ocorreu um pequeno problema no microfone do Beto, que foi rapidamente consertado. Vale ressaltar que se o objetivo nesse som era “quebrar tudo”, musicalmente falando, alcançaram com maestria.

 

O fim da apresentação se aproximava, era hora de uma singela canção de amor, “Sinceramente”, acalmando o ambiente, e seguida por “Sexperienced”, que teve apenas o trecho inicial executado. Nesse momento, uma garota que estava próxima ao palco levanta um cartaz sobre a cabeça, que estava escrito justamente sexperienced, e também com uma seta desenhada para baixo. Nesse clima, o Cachorro Grande deixa o palco, para retornarem em seguida.

Beto chama uma pessoa, que divide os vocais com ele na saideira da noite, “Helter Skelter”, clássico dos Beatles, numa versão arrebatadora, que contou no finalzinho com o trecho final de “War Pigs” do Black Sabbath. Que fique registrado, além de excelentes composições próprias, sabem fazer covers bem elaborados.

 

Assim, se retiram do palco de vez, sob muitos aplausos, após cerca de 1h 35m. Para quem gostou do “Costa do Marfim”, fica a lembrança da execução de algumas faixas do disco, pois provavelmente nas próximas turnês não deverá ficar muitas, sé é que deixarão alguma. Como curiosidade, o papel do setlist que a banda usou estava com duas músicas desse álbum riscadas (“Eu Não Vou Mudar” e “Crispian Mills”), e mais abaixo estava escrito a caneta “Lili” e “Vai T. Q. Dá”. Reforçando, seria chover no molhado elogiar o grupo novamente, falar o quanto o show é energético. Resumindo tudo, uma baita noite de rock n’ roll.

 

Setlists

 

HELVÉTICOS

Estranha Sensação
Analisar a Situação
Tarde Demais
Hipnotizado
Deixa Acontecer
Não presta
Coração Debilitado
O Que Você Faz
Nenhum Lugar
A Novidade
O Beijo
Solução
Risadinhas no Sofá

 

CACHORRO GRANDE

Você Não Sabe o Que Perdeu
Hey Amigo

Que Loucura!
Deixa Fudê
Nuvens de Fumaça
Como Era Bom
Use o Assento para Flutuar
O Que Vai Ser
Lunático
Bom Brasileiro
Roda-Gigante
Lili
Dia Perfeito
Velha Amiga
Vai T. Q. Dá
Sinceramente
Sexperienced
Helter Skelter

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